Na cidade portuária francesa de Calais, surgiu uma cidade dentro de uma cidade. Conhecida como “Selva”, essa esquálida favela de contêineres e barracas foi lar de milhares de refugiados, principalmente do Oriente Médio e da África, todos esperando, de alguma forma, chegar ao Reino Unido.
Rodeadas por ratos e lixo, e privadas de qualquer saneamento básico ou segurança, essas pessoas são o retrato de uma crise humanitária refletida em diversos cantos do mundo. E é com maestria que a quadrinista Kate Evans lança uma luz sobre essa história na premiada história em quadrinhos Refugiados: A Última Fronteira, lançamento da DarkSide® Graphic Novel.
Combinando as técnicas de reportagem de testemunhas oculares com a arte sequencial, Kate Evans criou uma obra cheia de imagens pungentes, chocantes, irônicas e comoventes. Voluntária no campo de refugiados de Calais, a quadrinista viu de perto o horror e sofrimento de milhares de pessoas que precisaram abandonar tudo aquilo que conheciam para buscar um novo lar e dignidade.
Tal experiência conferiu à graphic novel um caráter intrinsecamente jornalístico que examina a crise de refugiados através de múltiplos ângulos: moral, político e econômico, no melhor estilo do gênero consagrado por Joe Sacco. O local acabou sendo evacuado, mas Refugiados: A Última Fronteira retrata esse momento da história de forma atemporal.
Ao mesmo tempo, ela também entremeia na narrativa suas próprias convicções sobre a crise de refugiados. Kate Evans apresenta um trabalho pessoal, uma verdadeira janela para o leitor conhecer suas experiências ao testemunhar uma história tão dolorosa. E, com seu traço poderoso em estilo, concede emoção aos personagens, retratos dos habitantes reais do campo, e suas histórias.
Os leitores que se emocionaram com o relato de Myriam Rawick, a jovem menina que compartilhou seus dias na Guerra da Síria em O Diário de Myriam, certamente encontrarão uma experiência verdadeira e delicada no relato de Kate Evans em Refugiados: A Última Fronteira. Um vislumbre nas vidas de pessoas em situação tão urgente que merecem empatia, acolhimento, direitos e compreensão.
Todos deveríamos poder ir e vir, descobrir e redescobrir, visitar, mudar, trocar de lugar seguindo o vento e o tempo do coração. Cabe a nós buscar informação e fazer parte da grande mudança. Refugiados: A Última Fronteira é um alerta para um dos debates mais importantes e prementes da sociedade em que vivemos, no momento em que observamos o maior deslocamento involuntário de pessoas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com mais 68,5 milhões de refugiados ao redor do planeta. Um lembrete para construirmos mais pontes, e menos muros.
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